segunda-feira, 10 de junho de 2013

A não direção na ACP

         A Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) tem sido algumas vezes criticada por englobar um modo de fazer psicoterapia que aparentemente é sem direção. Pois, desse modo, a psicoterapia centrada na pessoa pareceria ser algo descuidado, descompromissado, sem critérios de qualquer ordem social, moral e inclusive de ciência psicológica e, assim, sem valor. A denominação de psicoterapia não-diretiva surgiu com os trabalhos iniciais de Carl Rogers para diferenciá-los em oposição aos modos mais usuais de fazer psicoterapia à base de perguntas, interpretações e aconselhamento. Entretanto essa denominação, que foi devida ao estereótipo comportamental do psicoterapeuta, pouco define e esclarece o que sustenta esse modo de psicoterapia.
             Para a ACP, a psicoterapia é um processo de auto-saneamento e liberação interna de angústias e confusões que geram inseguranças e ou sofrimentos que, por sua vez, dificultam o funcionamento adequado e auto-determinado da pessoa. Conduzir o cliente na direção que o psicoterapeuta entende por ser a mais adequada seria danoso na medida diminui no cliente a confiança no seu próprio julgamento, realimentando, assim, um ciclo vicioso de insegurança e dependência. Então, contrariamente, o psicoterapeuta da ACP busca promover no cliente a sensação de competência para avaliar, julgar e decidir suas questões por si próprio. Nesse processo de promoção é fundamental, na interação com o cliente, que o psicoterapeuta busque diminuir ou abster-se de julgar a qualidade e o valor do que o cliente apresenta no seu discurso. Por outro lado e comitantemente, este psicoterapeuta procura maximizar a sua presença, junto ao seu cliente, acompanhando-o vivencialmente nas suas experiências na medida em que se apresentam. Assim, o psicoterapeuta colabora como um facilitador para que a Tendência Atualizante, a tendência natural e universal dos seres para a sobrevivência, superação e desenvolvimento concebida por Rogers, prevaleça no sentido do melhor tratamento dos problemas e dificuldades em busca do bem estar. Então, essa forma de atuar pelo psicoterapeuta da ACP que abstém de dar opiniões, conselhos e interpretações, apesar da aparência de ter poucas intervenções, pode ser capaz de provocar forças internas e naturais nos clientes, de grande poder.
             A forma de atuar do psicoterapeuta da ACP é na verdade uma forma cuidadosa, meticulosa e criteriosa de atuar no sentido de facilitar e promover a Tendência Atualizante para que esta atue em favor deste cliente. Não se trata então de deixar de atuar ou de não haver direção, mas de atuar de uma forma sutil e delicada que poderá ser mais efetiva e significativa ao cliente do que qualquer outra. É, de certa forma, um modo revolucionário e difícil de interagir com o outro, pois normalmente e naturalmente, no contato, busca-se uma posição de maior poder, opinando para demonstrar sabedoria e razão. Abrir mão da razão, do poder e do controle não é fácil, e só é possível quando se coloca o interesse do outro acima de tudo, acima do  interesse natural de ter a razão.
         Concluindo, o psicoterapeuta Centrado na Pessoa não deixa a sessão “rolar ao léo”, mas sacrifica a própria razão para que o seu cliente possa criar, fortalecer e se reorientar pela razão dele. Pois esse psicoterapeuta acredita que todo ser humano tem em potencial uma força natural de solução e desenvolvimento capaz de produzir os melhores resultados sob medida a este ser, e que não pode ser encontrada externamente. Além do mais, todos devem ter o direito de fazer as próprias apostas na vida, pois, no final das contas, ninguém vai querer pagar pelos riscos dos outros.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

A resposta centrada no cliente*

Existe uma forma particular e preferencial de resposta aos clientes oferecida pelos psicoterapeutas centrados no cliente. Essa forma preferencial de resposta ao que os clientes expressam, ou mesmo para quando ficam em silêncio, que é também uma forma de expressão, pode ser considerada característica dos psicoterapeutas centrados na pessoa. Esse tipo de resposta consiste em tentar comunicar aos clientes a melhor compreensão que fazem da compreensão que os próprios clientes têm sobre suas questões até então. Sendo assim, para esses psicoterapeutas não existe resposta melhor do que demonstrar aos seus clientes que compreendem com nitidez o que eles já entendiam por eles mesmos. Para tanto, esses profissionais se esforçam para ser o mais claro e preciso nesse sentido, ou seja, buscam perceber e expressar muito bem a compreensão que os clientes estão fazendo naquele momento de sua situação. Esse tipo de resposta é preferencial porque os psicoterapeutas dessa abordagem entendem que será assim que poderão melhor contribuir para o progresso de seus clientes, devido a diversos fatores como veremos a seguir.
Os fatores que favorecem aos clientes a partir dessa forma de resposta são vários. Entre esses é possível citar: os clientes entendem que estão sendo bem compreendidos e assim eles focam ainda mais nos seus próprios referenciais, sem a necessidade de defendê-los em relação a referenciais externos, e isso promove liberdade para autocríticas e para avanços; esse tipo de resposta esclarece aos clientes que os referenciais considerados nas questões levantadas são os deles mesmos e assim se sentem mais seguros e no controle; facilita a produção de movimentos experienciais nos clientes; contribui para que os clientes atentem para os significados mais verdadeiros dos sentimentos, na medida em que o psicoterapeuta não distorce com julgamentos os significados produzidos pelo cliente; possibilita o acesso a conteúdos dificilmente admitidos devido a julgamentos negativos recebidos anteriormente; na medida em que facilita aos clientes falar mais livremente de sentimentos que não eram bem percebidos, estes são experienciados e melhor compreendidos e aceitos; essa forma de responder ao cliente identifica claramente quem diz (cliente ou psicoterapeuta) e o que diz, e assim fica bem distinguido de quem são as impressões dos sentimentos expressos, evitando distorções na atribuição de autorias; esse modo de responder contribui para que sentimentos desorganizados e com percepção distorcida sejam mais bem reconhecidos e, então, vivencialmente suportados.
Desse modo, a resposta preferencial ao cliente na formulação da terapia centrada na pessoa é aquela em que o terapeuta se esforça para sentir, de forma mais precisa possível, o significado sentido da expressão de seu cliente e comunicar-lhe como se deu essa compreensão, de forma mais clara possível. Trata-se de processo interativo, de comunicação entre psicoterapeuta e cliente, que indica de forma clara a intenção e a capacidade de compreensão do cliente pelo psicoterapeuta e a responsabilidade deste, de forma respeitosa, de não interferir com pontos de vista, opiniões ou avaliações nas concepções até então desenvolvidas pelo cliente. Essa forma de responder dá maior abertura e espaço para o cliente tomar posição própria e clara e, sem defesas, vivenciar suas questões e dramas, sentindo-os mais plenamente e, a partir de então, evoluir. Assim, o cliente, ao perceber mais claramente o que sente, poderá encontrar melhor significado para tanto, ganhar confiança pelo autoconhecimento alcançado e se fortalecer para os enfretamentos necessários.

* Este texto é uma releitura dos parágrafos com a mesma titulação (A Resposta Centrada no Cliente) do artigo:    “Procedimentos Terapêuticos no Contato com Esquizofrênicos” por Eugene T Gendlin.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A natureza humana


É comum relatos de populares como: algumas pessoas, apesar de passarem por infâncias sofridas com abusos e injustiças ou traumas, têm muito amor para dar e conseguem ser felizes com os progressos que conquistam, enquanto, opostamente, outras que foram favorecidas e muito protegidas, por serem provenientes de famílias estruturadas e abastadas, e não passaram por tragédias acabam como infelizes coitados. Algumas vezes, nesses relatos, há a indicação quanto às diferenças da natureza dessas pessoas como: as primeiras eram mais humildes, amorosas, fraternas, agradecidas e perdoavam facilmente, enquanto as do segundo grupo eram mais orgulhosas, esnobes, rancorosas, materialistas e rígidas em princípios e valores. Então, geralmente, os relatos concluem que é possível superar todo tipo de adversidade e construir uma felicidade verdadeira e que nascer em família estruturada e abastada não garante um futuro feliz, pois a natureza das pessoas é o principal fator.
Outra discussão sobre a natureza das pessoas é atribuída às diferenças teóricas entre os famosos: o psicanalista austríaco Sigismund Schlomo Freud e o psicólogo americano Carl Ranson Rogers. Conforme sintetiza brilhantemente Gusmão*, a teoria de Freud atribuiria ao homem um conflito permanente entre forças antagônicas oriundas de impulsos naturais e principais de sexualidade e agressão que se formulam nas pulsões de vida e de morte. Assim, o homem por sua natureza, precisaria ser contido por forças internas e externas para não destruir a si mesmo e aos outros e viver em bases civilizadas. Dessa forma, podemos entender que Freud tinha uma perspectiva mais negativa do homem por sua natureza egoísta e violenta. Já a teoria de Rogers atribuiria ao homem uma capacidade latente natural de superação do mal e alcance do bem-estar individual e coletivo. Assim, o homem não teria estruturalmente uma natureza conflituosa e seria inclusive capaz de superar hostilidades externas do ambiente e se curar dos efeitos causados. Sendo assim, o homem seria naturalmente possuidor da Tendência Atualizante. Essa tendência é uma força natural generalizada no universo que se manifesta de diversas formas no sentido da organização, evolução e progresso do próprio universo. No caso dos seres humanos, essa tendência se manifestaria, também, pela inteligência criadora e pela capacidade de superar adversidades na busca do desenvolvendo de ambientes sociais de fraternidade e felicidade. Entretanto, essa tendência se manifesta por potencialidade e não por uma força absoluta. Para que essa tendência se manifeste de forma progressista nas transformações e na construção humana, são necessárias certas condições: os humanos necessitam ser compreendidos nas suas particularidades de forma profunda e plena (empatia), necessitam ser aceitos, respeitados e bem considerados e valorizados independentemente de condições como pré-requisitos (aceitação incondicional), necessitam que outros seres humanos se apresentem honestamente e em profundidade como eles são realmente em termos pessoais (congruência). Assim, mediante essas condições, naturalmente, haveria sempre progresso no ser humano e nesse sentido teríamos na teoria de Rogers uma perspectiva mais positiva do homem.
            Voltando aos relatos populares conforme o citado acima, entendo que os mesmos não são bem explicados pela teoria de Freud, pois, por sua teoria, a tendência seria de agravamento do sofrimento posteriormente aos traumas infantis e uma infância poupada de sofrimentos favoreceria posteriormente. Por outro lado, a teoria de Rogers explicaria melhor esses relatos da seguinte forma: aqueles que começam a vida em condições mais difíceis ou que por eventualidades diversas passam por grandes sofrimentos, mas de alguma forma receberam ou captaram de outros serem humanos aquelas condições necessárias, progridem para a felicidade. Em contrapartida, aqueles que tiveram condições iniciais mais favoráveis e foram protegidos de muitos sofrimentos e não receberam ou não souberam obter aquelas condições necessárias, acabam tendo a tendência atualizante distorcida e sucumbindo na doença e na infelicidade.

* Gusmão, Sonia M. L. – A Natureza Humana Segundo Freud e Rogers, Trabalho apresentado ao Forum Brasileiro da Abordagem Centrada na Pessoa, Rio de Janeiro, 1996

terça-feira, 27 de março de 2012

As causas da depressão

Estudos e pesquisas têm apontado, cada vez mais, que o transtorno da depressão é resultante de uma variação complexa de interação de causas. Assim, a depressão tem sido entendida como resultante da conjunção de fatores biológicos (genéticos, desequilíbrios bio-químicos cerebrais), psicológicos (traumas, personalidade, história de vida pessoal) e sociais (cultura e relacionamentos familiar e social). Esse modo de entendimento da depressão é denominado de biopsicossocial. Ele é um modelo multidimensional, o que significa trabalhar em várias frentes simultaneamente. Assim, é considerado que o risco da depressão está associado simultaneamente vários fatores causais e que cada um afeta os demais.
Com relação aos fatores biológicos, apesar de não haver sido identificado um gen que cause a depressão, considera-se a hipótese de que haja uma predisposição genética que gera uma maior vulnerabilidade para a depressão. Essa hipótese surgiu da observação de que pessoas oriundas de famílias com histórico de depressão são mais propensas ao transtorno quando enfrentam fatores estressantes na vida. Outro fator de fundo biológico seria a relação da depressão com os hormônios. A estatística aponta que o fato de ser do gênero feminino (mulher) aumenta o risco do transtorno de duas a três vezes e isso seria em parte, em função da variação cíclica dos hormônios femininos e das mudanças hormonais da menopausa. Além disso, a depressão pode ser desencadeada ou agravada pelo uso de vários medicamentos, como efeito colateral e, pela ingestão de álcool e drogas ilícitas. Medicamentos a base de beta-bloqueadores para o tratamento do coração, corticosteróides, anticonvulsantes e a quimioterapia, entre muitos outros medicamentos, podem disparar ou agravar a depressão. O álcool, além de ser depressor, prejudica algumas das ligações neurais da mesma forma que a depressão o faz. As drogas ilícitas atuam sobre os neurotransmissores de forma variada e imprevisível com risco de danos físicos e psicológicos que podem levar à depressão.
No tocante aos fatores psicológicos, sabemos que uma infância e uma vida sofrida com traumas e dificuldades importantes tende ao desenvolvimento de vunerabildade da personalidade para depressão. Também sabemos que certos estilos de pensamentos, modos de interpretar e maneiras de reagir a experiências vivenciais são potenciadores de risco da depressão. Pessoas diferentes reagem diferentemente aos mesmos fatos ou, a interpretação de uma mesma realidade difere de pessoa para pessoa à medida que a qualidade e as formas de interpretação das vivências são afetadas por diferenças psicológicas como personalidade, temperamento, habilidades de solução para problemas, valores pessoais, entre outros aspectos pessoais. Possivelmente, entre essas diferenças psicológicas, algumas delas sejam potencialmente fatores de risco para a depressão.
Quanto aos fatores sociais, a depressão está fortemente relacionada a contextos humanos difíceis, como relações familiares e sociais geradoras de estresse e sofrimento e, a eventos traumáticos, como morte de entes queridos ou até de animais de estimação, término de relacionamentos amorosos, traições, acusações, abusos sexuais, dificuldade de aprendizagem, problemas de saúde ou qualquer perda importante. Então, contextos humanos difíceis e eventos traumáticos são fatores de risco, pois apesar de não a determinar, aumentam as chances de a depressão ocorrer. Por outro lado, ainda entre os fatores sociais, os ganhos indiretos atribuídos ao distúrbio podem contribuir para tornar crônica e agravar a depressão. Justificando-se como deprimidas, pessoas podem se acomodar, desistir de suas obrigações e justificar o parar de lutar e o arquivar projetos, passando para um papel de vítima. Assim, familiares e outros irão sentir pena, compaixão e perdoarão em vez de culpar. Resolver problemas dá trabalho, é preciso correr riscos e decidir gera dúvidas, medos e gasta energia. Muitas vezes, a pessoa não percebe que quando é seduzida por esses ganhos, ela tem perdas muito maiores à medida que para de construir e dirigir ativamente sua própria vida. Assim, em vez de procurar encontrar soluções para seus problemas, dúvidas e dores; afunda cada vez mais no meio deles, aumentando a própria depressão, fazendo-a crônica e talvez atraindo outras doenças. Muitos autores já demonstraram a interação entre mente e corpo e, assim sendo, uma mente cronicamente deprimida aumenta a probabilidade de disseminação de várias doenças. Com relação ao fenômeno citado que o gênero feminino é mais suscetível a depressão, a contribuição dos fatores sociais para tanto é considerada no sentido que geralmente as mulheres sofrem mais pressões sociais que os homens na vida familiar incluindo a sexualidade e na hierarquia social.
Concluindo, são fatores biológicos, psicológicos e sociais que quando combinados associadamente causam a depressão. Assim, a nenhum desses fatores isoladamente deve ser atribuído como causa única da depressão. Portanto, mesmo vivências traumáticas com grande sofrimento, isoladamente, não são consideradas causas de depressão, mas podem disparar o transtorno quando existirem outros fatores comitantemente. Então, o transtorno da depressão deve ser sempre tratado profissionalmente de forma multifatorial e multidisciplinar envolvendo os fatores biológicos, psicológicos e sociais para fazer frente ao conjunto de fatores causais associados.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O meu trabalho como psicoterapeuta centrado na pessoa


É muito comum as pessoas perguntarem como é exatamente o trabalho dos psicoterapeutas, ou seja, o que fazem em especial os psicoterapeutas para o bem da saúde mental de seus clientes? Neste texto, procuro responder essa pergunta do meu ponto de vista, o que inclui a influencia da Abordagem Centrada na Pessoa no meu modo de atuar como psicoterapeuta e minhas percepções e observações da prática junto aos meus clientes. Acredito que a resposta que elaborei merece ser compartilhada com os colegas e interessados para ser criticada e aperfeiçoada. O objetivo aqui não é opor e nem trazer algo de muito diferente do que já foi dito pelos estudiosos da abordagem, mas argumentar e ilustrar a questão a partir da minha perspectiva experiencial. Procurei responder como faço o trabalho e qual efeito ele tem no cliente de uma forma próxima da experiência vivencial, tanto do meu ponto de vista quanto do que presumo que seja o ponto de vista dos clientes.
Nessa perspectiva, o meu trabalho como psicoterapeuta centrado na pessoa é principalmente agir como um facilitador para que o cliente experiencie, simbolize e expresse em profundidade. Aqui, experienciar significa perceber as sensações corporais pré-simbólicas (não racionalizadas, como um frio na barriga mediante ao perigo); simbolizar significa encontrar significado e identificar sentimentos para a experienciação, e expressar significa comunicar a simbolização, ou seja, os sentimentos identificados. Experienciar, simbolizar e expressar produz efeito terapêutico nos clientes de transformação de problemas, conflitos, sofrimentos e qualquer tipo de transtorno em algo mais digerível e assimilável. Dessa forma, a psicoterapia colabora com os processos naturais de cura e desenvolvimento da pessoa. Além disso, há diminuição da necessidade e urgência de praticar ativamente atos que podem ser agressivos contra si e contra outros, como também, redução da possibilidade de, passivamente e não conscientemente, gerar ou produzir doenças psicossomáticas. Já foi dito que quem simboliza não atua!
Assim, o meu norte como psicoterapeuta é colaborar com os meus clientes para que eles experienciem vivencialmente, simbolizem significativamente e expressem comunicando-me completamente seus sentimentos. Para tanto, busco me posicionar mediante meus clientes procurando aceitá-los incondicionalmente e estimulando a realização desses processos. Entendo que devo me posicionar facilitando esses processos vivenciais e, para tanto, busco oferecer aos clientes: aceitação incondicional (os clientes são incondicionalmente merecedores de respeito e solidariedade só por serem humanos, semelhante a mim mesmo); congruência (me apresento como um ser humano diferente do cliente, mas buscando ser coerente e verdadeiro comigo mesmo e com os clientes); e empatia (apesar das diferenças pessoais entre eu e os clientes, busco igualdade suficiente para compreende-los profundamente nas suas vivências e sentimentos. Procuro me posicionar como interessado e participante das experienciações, simbolizações e expressões dos meus clientes e, quando estes têm dificuldades nesse sentido, arrisco assumir o papel de tentar experienciar, simbolizar e expressar por eles, como se eu fosse os próprios clientes, numa tentativa de clarificar seus sentimentos para eles mesmos. Faço dessa forma para ajudar meus clientes a aprofundar suas vivências e sentimentos. Entendo que muitas vezes, mesmo quando eu não acerto ao me arriscar vivenciar e sentir no lugar dos clientes, essas tentativas geram neles estímulos para eles próprios irem mais fundo e aumentar a qualidade de suas experienciações, simbolizações e expressões.
Experienciar, simbolizar e expressar não muda os fatos, não cessa sofrimentos e não resolve problemas, embora saibamos que é comum surgir boas ideias solucionadoras em seguida, mas sempre transforma os sentimentos e os sofrimentos em algo mais digerível pelo organismo. Esses três processos conjugados funcionam como um tipo de analgésico e, aquilo que doía mais passa a doer menos e, com menos dor, fica mais fácil retomar controle, assumir responsabilidades e encontrar coragem para tomar decisões e a direção da própria vida. Essa postura de assumir responsabilidades, por sua vez, contribui com o aumento da força natural interior de superação e progresso. Assim, forma-se um “ciclo virtuoso” que, ao aliviar os sofrimentos, aumenta a possibilidade de superação, o que alivia ainda mais os sofrimentos abrindo maiores possibilidades para o bem estar. Embora sentimentos sejam tão particulares e individuais, experienciá-los, simbolizá-los e expressá-los em profundidade ajuda significativamente o processo de recuperação da saúde ou mesmo cura e do desenvolvimento de qualquer pessoa.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Quais são os sinais e sintomas da depressão?

Mas primeiro, como definir sintoma? De acordo com o dicionário Houaiss da língua portuguesa, sintoma é um fenômeno como dor, mal-estar, alterações psicológicas ou fisiológicas que é produzido pela a doença de um referido paciente e, é freqüentemente analisado para se estabelecer o diagnóstico, a classificação da doença, e possíveis tratamentos. Entretanto, antes que uma doença se estabeleça ou possa ser identificada como tal, uma pessoa pode apresentar sinais que indicam a sua eminência. Assim sendo, estes sinais indicariam o primeiro alerta e, a sua pronta identificação, o melhor momento para se tomar as necessárias providências antes do agravamento ou instalação de uma doença ou transtorno, como a depressão.
Antes que a depressão seja consolidada, alguns sinais de alarme podem ser identificados como: a pessoa passar a sofrer acidentes freqüentes e arriscar mais que de costume. Esses episódios podem esconder a vontade de se ferir ou de se autodestruir. Ela pode escrever em alguns lugares ou manifestar de alguma forma o seu desejo de sumir ou morrer. Outros sinais podem ser: sofrer exageradamente e desproporcionalmente na ocorrência de uma perda ou frustração; sentir-se envergonhado, fracassado ou derrotado facilmente e freqüentemente; aumentar a necessidade de carinho e amor; repentinas e não justificadas mudanças de humor; queda de desempenho nas atividades como trabalho, estudo, esporte; começar a escrever um diário ou, se já escrevia, passa encher mais suas páginas; ficar mais agressivo principalmente com a família; passar a sair de casa em horários não esperados, ou ameaça abandonar a família; passar a dar presentes valiosos, abandonar ou dar objetos estimados com os quais tinha cuidado e apego.
Depois que a depressão está instalada, os sintomas mais comuns que podem ser identificados são classificados em fisiológicos, cognitivos, comportamentais, afetivos, interpessoais, e simbólicos. Os fisiológicos são aqueles ligados ao funcionamento físico-químico normal dos seres vivos, como: alteração do sono, alteração do apetite, cansaço, dores físicas vagas e sem origem orgânica aparente. Os cognitivos são os ligados a percepção, memória, juízo e raciocínio, como: expectativas negativas, auto-depreciação, interpretação negativa dos eventos. Os comportamentais são ligados a forma de proceder e comportar mediante estímulos, sentimentos e necessidades, como: perda de interesse por aquilo que antes gostava, atos agressivos ou destrutivos, abuso de drogas. Os afetivos são ligados a reação sentimental e emocional, como: humor deprimido ou irritável, sentimentos de tristeza, angústia e ansiedade. Interpessoais são ligados a interação com as outras pessoas, como: dependência dos outros para tudo, retraimento social e isolamento. Os simbólicos são ligados a expressão através de sinais indicativos ou interpretação destes, como: pobreza de simbolização com redução do vocabulário e das expressões, imagens e fantasias destrutivas, pesadelos recorrentes.
É importante salientar que os sintomas costumam variar muito de uma pessoa para outra e, sintomas fortes para algumas pessoas podem estar ausentes em outras. Entretanto, uma base comum pode ser definida como sendo a maneira como a pessoa se sente em relação a ela mesma e, como percebe a qualidade e a satisfação de sua vida. Uma boa avaliação dos sintomas é assim muito importante para o tratamento, pois pode influenciar na condução do processo. Quando os sintomas são bem identificados torna-se mais provável encontrar as melhores estratégias para o tratamento como um todo.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

La psicología y la alimentación (en español)*

         La psicología es la ciencia que tiene entre sus objetivos estudiar y comprender la formación y el desarrollo emocional y de comportamiento del ser humano. A partir del nacimiento o aún antes, el ser humano comienza a desarrollar una estructura emocional y conductual  que llamamos personalidad. Esta estructura se desarrolla a partir de la interacción de la mente con el cuerpo y el ambiente. La mente trabaja de forma dinámica en sincronía con todos los estímulos internos y externos, realizando en cada momento una evaluación de la situación y en consecuencia produciendo emociones, sentimientos y conductas.
            Obviamente, en los fenómenos de la nutrición, están los primeros y más significativos estímulos que el ser humano experimenta, tanto internamente cuanto externamente. Así, la alimentación se relaciona fuertemente con las emociones, sentimientos, comportamientos e, inevitablemente, con la personalidad que comienza a tomar forma. Además, la alimentación del recién nacido está siempre relacionada al contacto con otro ser humano. De esta forma, en el contacto conjunto con los alimentos y con otro ser humano, el niño experimenta una amplia gama de sentimientos y emociones positivas como: el placer del gusto, el cariño, confort, protección, amor, o sentimientos negativos como: el hambre no saciada, la irritación, la inseguridad, el descontrol, el miedo y algunas insuficiencias. Los fenómenos de la alimentación participan, así, en la estructuración de la personalidad que se forma desde la más tierna edad. Todavía podemos decir que el entrelazamiento de la alimentación con la personalidad continua por toda la vida. Las familias tienen formas variadas de conjugar la alimentación con diversas situaciones como: conmemoraciones, reuniones, premiaciones, obligaciones, puniciones, compensaciones, etc. Es evidente entonces que la alimentación está íntimamente ligada a la formación y manutención de la personalidad.
            Cada vez más, las personas y los gobiernos se preocupan con el control del peso como un factor importante en la salud y, además, hay una fuerte exigencia social por la apariencia delgada. Muchas providencias se toman, tanto por los individuos como por los gobiernos en ese sentido. Sin embargo, típicamente, estas medidas centran los esfuerzos en los aspectos médicos y farmacológicos, en las dietas y ejercicios físicos. Parece que la personalidad del individuo no está muy bien considerada en la lucha por el control del peso, y siendo ella el modelo base de la conducta humana, hace falta tenerla en cuenta como parte esencial del problema de control del peso. Siendo así, entiendo que, juntamente con los profesionales médicos, nutricionistas y educadores físicos, los psicólogos tienen mucho que contribuir trabajando en la personalidad de los individuos, para ayudarles a formar nuevos comportamientos que favorezcan el control del peso.
La alimentación del ser humano es mucho más que un proceso natural de nutrición fisiológica. Ella está en la base de la estructura de la personalidad fundida con las emociones y sentimientos positivos e negativos de amplio espectro. Por lo tanto, el problema del control del peso en niños, adolescentes y adultos necesita considerar aspectos que van más allá de la nutrición, porque lo que está en juego es el ser humano en su totalidad, incluyendo sus emociones, sentimientos, comportamientos, y por tanto su personalidad. De este modo, la psicología a través de la psicoterapia, debe tener un papel importante en el trabajo profesional del control del peso, tanto por razones de salud como por razones estéticas.

* Traducido por Ricardo Alfredo Ruiz Sifontes – El Salvador